23.2.09

Vidas cruzadas

Ontem fui ver o Slumdog Millionaire. Adorei! O filme está genial, fiquei fascinado com a historia de Salim Malike e com a beleza de Latika (uma Indiana chamada Freida Pinto, pelo nome talvez seja descendente de colonizadores portugueses na Índia).

E ontem fez precisamente dois anos que tomei a decisão de cortar o cordão umbilical e sair de casa dos meus pais. Apesar da idade e da irresponsabilidade natural de um jovem, senti que chegava a altura de começar a minha própria vida, ou melhor...uma vida a dois!
Passados dois anos não estou arrependido, mas admito que partilhar o meu espaço com alguém não é nada fácil, principalmente quando a outra parte passa os dias deitada no sofá a olhar para a televisão ou simplesmente a dormir. Mas o amor vence tudo, e a verdade é que eu sou recompensado com carinho, miminhos e muitos beijinhos.
Bem, a nossa vida não é propriamente a de um casal apaixonado mas eu trato-a como uma verdadeira princesa, preparo o comer, faço a cama, e se for preciso ainda lhe apanho os cabelos do chão.
Eu amo a Vaidosa.
Adoro esta sensação de viver com alguém que não está constantemente a falar de saldos, unhas partidas e cabelos espigados, limitando-se a soltar um "auf auf" quando pretende que eu mude de canal.









14.2.09

Silvina

Esta manhã enquanto fazia o trajecto de Lisboa para Sintra pus-me a brincar com os botões do velhinho rádio do meu carro, e ao passear de estação em estação páro numa música que normalmente só ouvia no gira-discos da casa dos meus pais...Essa música, e o agradável solinho que batia no vidro da frente, fizeram-me viajar pelo tempo, e por momentos imaginei-me em criança, enroscado no sofá com o sol a entrar pela janela e a minha mãe a olhar carinhosamente para mim ouvindo a tal música, enquanto eu devorava uma tigela de Cerelac...

"-CAMELO! Anda lá com essa merd*"...grita um condutor apressado, acordando-me dos meus pensamentos.

Dizem que sou igualzinho à minha mãe.
De todos os filhos, dizem que sou o que mais se parece com Ela, principalmente no sorriso, eu não acho isso, talvez tenha herdado a simpatia a timidez mas nada mais...

Já de tarde, no Pingo Doce da Avª Ferreira Borges, estava eu tranquilamente na fila com um pacote de bolachas digestivas na mão, quando ao chegar a minha vez de pagar, a Srª da caixa, uma mulher na casa dos sessenta anos com o cabelo pintado de castanho e umas grandes argolas nas orelhas, pega lentamente no pacote das bolachas e pára a olhar fixamente para mim, olha-me e diz que me conhece de algum lado, "-ups! Será que me reconheceu de quando eu era puto e abria todos os pacotes de cereais à procura dos prémios?" pensei logo, mas ela continuava calada a olhar-me nos olhos...até que subitamente grita: "-SILVINA! o nome Silvina diz-lhe alguma coisa?" e eu respondo: "-sim! é o nome da minha mãe", "-sério? ela andou comigo na escola primária, tinha um sorriso igualzinho ao seu...como é que ela está?". Abro a carteira, mostro-lhe uma foto a preto-e-branco e digo: "-Esta é a minha mãe...partiu há treze anos"

Partiu, mas deixou cá o seu sorriso...

8.2.09

my smile is back


Sentia o estômago cheio de borboletas quando estacionei o carro em frente ao Hospital. Ao longe vejo o meu pai a olhar em volta, de pé e sozinho, à chuva à espera que o viessem buscar...assoei o nariz e limpei as lágrimas. Quando me aproximei dei-lhe um beijo na face e estendi-lhe a mão mas ele recusou a ajuda, estava farto que o tratassem como um velho inválido, ri-me para dentro e lá o segui durante meia hora a vê-lo arrastar o corpo em dificuldades até me dizer "-então! não me dás uma ajuda?". O meu pai estava de volta, teimoso e resmungão como sempre...

Tinha dois bilhetes reservados para ver a minha Diva na sexta feira, mas com esta confusão toda já nem me lembrava. Só que enquanto conduzia em direcção a casa recebo um telefonema do Fórum a pedir confirmação da reserva, seguido de outro da EDP a informar que me cortavam a luz caso não fizesse o pagamento ate às 18h.

São 22h00 de sexta feira, um homem de bigode informa que os bilhetes estão esgotados perante o olhar desesperado de algumas raparigas que se acotovelam à entrada, mas eu não queria saber, eu já tinha o meu, e olhava sorridente para ele. Para mim era um bilhete especial e queria guardá-lo intacto para sempre.
Enquanto esperava pelo inicio do concerto entreti-me a fazer um pássaro em "origami" com o único papel que tinha para pedir o autógrafo à Rita. No final quando me aproximei de Miss RedShoes ela diz "-ai que lindo white bird, é para mim? que simpático!" e eu "sim sim Rita, claro! cof cof", e ups fiquei sem papel e lá teve que me assinar...no bilhete!



2.2.09

Quase famosos

Ontem cruzei-me com um grupo de actores que passeava pelo Chiado, sinceramente não reconheci nenhum, mas a Inês fez questão de me obrigar a tirar-lhe uma foto com um deles, disse-me que ele era de uma novela qualquer e ficou toda contente. Contei-lhe que curiosamente no mesmo sitio me tinha cruzado há tempos com Jonathan Togo da serie CSI Miami, mas acho que ela nem me ouviu, estava entretida a olhar para a fotografia que momentos antes lhe tirara. Franzi o nariz e lá desci em direcção aos Armazéns...

Já na Fnac encontrámos o mais famoso dos nossos amigos, o Hélder, ele já ganhou dinheiro a bater palmas num programa da TVI o que na sua mente o transformou numa espécie de estrela da televisão, e enquanto folheávamos alguns livros, os três recordámos uma situação engraçada que se passou connosco no verão passado.

Numa noite de Agosto estávamos nós (vai-se lá saber porquê) numa casa de fados no Bairro Alto quando, ao entrar um animado grupo de pessoas se gera um burburinho entre a assistência, a fadista que na altura actuava, ao aperceber-se da confusão tenta manter a ordem mas em vão, vai daí acendem as luzes...então eu olho para o Hélder...o Hélder olha para mim e confirmamos que no animado grupo estava a Bjork! a Bjork estava mesmo ali ao nosso lado, mas alheia a este facto estava a fadista que tinha como principal objectivo captar as atenções do publico, e sem imaginar sequer quem seria aquela rapariga de olhos achinesados que estava a distrair os seus ouvintes, solta irritada um valente "shh shh"...


Dias depois Bjork actua perante 20 mil pessoas no Festival Sudoeste.